3º ENCONTRO SOBRE COMPORTAMENTOS
Testemunho de Vida - Treinador Rui Conceição

A convite do SPO, Rui Conceição, Treinador das camadas Jovens do Sport Club de Canidelo e Atleta de Boxe do Futebol Clube do Porto, Campeão na Categoria de Super Pesado (+91Kg), deu hoje, dia 16 de Abril de 2010, o seu Testemunho de Vida à turma do CEF e do 7ºD.

Rui falou da sua experiência, do processo de transformação que viveu, e da necessidade de disciplina de um sistema de crenças e valores que são necessários para se ser bem sucedido e atingir realização pessoal, valores estes que tanto se quer incutir nos alunos.

Ao contrário do que alguns pensavam, o atleta sublinhou que, "não é a robustez física, tão pouco a agressividade que nos traz maior segurança ou que impõe respeito perante os outros!"

No desporto e no caso concreto do Boxe ou do Futebol, não se trata somente da aquisição de certas habilidades, mas também do domínio da arte de ser um membro da sociedade bom e honesto. Integridade, humildade e auto-controlo resultarão do correcto aproveitamento dos impulsos agressivos e dos instintos primários existentes em todos os indivíduos.´

Foi por isso deste processo de sublimação da agressividade e da necessidade de sermos correctos e educados, no desporto como na escola, ou em qualquer contexto que nos relacionemos, que falámos neste encontro.

O Treinador falou ainda de algumas dificuldades que enfrentou, e o seu exemplo advém precisamente do facto de, não ter encontrado nessas mesmas dificuldades a justificação para se desviar do seu caminho.

Rui Conceição e Aluno Henrique Bastos

Alunos do 7ºD e Directora de Turma M.ª Carmo Martins

Alunos do CEF e Prof. Inês Sapage



















Oferta Educatica
Documentos Orientação Escolar e Vocacional
Processo de Orientação Vocacional


- Sessão Informativa
• Entrega de Panfletos Explicativos para Alunos e E.E.
• Apresentação das várias vertentes do Processo de Orientação
• Entrega de 2 Questionários de Exploração Vocacional;

- Entrevista Individual
• Recolha de dados individuais;
• Recolha de dados sobre o percurso académico;
• Brainstorming sobre interesses vocacionais e profissionais;

- Entrevista Final
• Entrega e Análise de um Relatório Vocacional;
• Análise das Ofertas Formativas (Cursos e Escolas);
• Esclarecimento de dúvidas;
[O Encarregado de Educação poderá também participar nesta sessão]

- Divulgação de Ofertas Formativas

- Visita a uma Escola com Oferta de 3º Ciclo e Secundário

- Visita a uma Feira de Orientação Vocacional

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE PSICOLOGIA E DEMAIS AGENTES EDUCATIVOS NO SUCESSO ESCOLAR


Os factores de risco ou determinantes da realização escolar são as variáveis internas e ambientais, que aumentam a probabilidade da ocorrência de algum efeito indesejável no desenvolvimento humano. A exposição aos factores de risco afecta negativamente o desenvolvimento das crianças e dos jovens adolescentes.

Os riscos psicossociais, principalmente quando combinados, tendem a modelar o repertório infantil, actuando como estímulos aversivos. Referimo-nos portanto, às variáveis envolvidas no insucesso e no abandono escolar precoce, que poderão vir a representar um papel, em associação com outros factores, na vida adulta.

O insucesso escolar pode ter várias leituras - para os alunos provenientes de classes socioeconómicas desfavorecidas, pode ter, entre outras, as seguintes: crianças com fome, cansadas e tensas, com falta de material e de espaços adequados para estudar, desinteresse por parte dos pais, matéria curricular sem um interesse imediato, um discurso que é feito em código demasiado elaborado, alunos que não estão devidamente preparados, ou alunos que transitam de ano lectivo mesmo que saibam que não sabem a matéria.

Os alunos recorrem ao comportamento de máscara, ou seja, recorrem a um comportamento do tipo faz-de-conta-que-entendo, gerador de desencanto que rapidamente conduz ao insucesso.

Estes factores são múltiplos, de ordem endógena e exógena, e embora haja uma tendência em atender mais aos factores endógenos, porque mais evidentes, os factores exógenos não podem ser ignorados. Por factores endógenos consideram-se as características adversas de classe socioeconómica, as habilitações académicas e a profissão dos cuidadores, o ambiente e a habitação em que vivem, o grupo de pares e a presença de fenómenos marginais como os gangs. Por factores exógenos atente-se à preparação e motivação do corpo docente, as relações institucionais (orgãos administrativos - professores – auxiliares – alunos), a existência e condições dos equipamentos e materiais, os espaços e instalações, etc.

Os factores de risco na realização escolar podem ser conceptualizados em 3 domínios de origem: individuais, familiares e escolares. Por exemplo, as perturbações de externalização, como os problemas de comportamento, agressividade e delinquência, e as perturbações de internalização (depressão e ansiedade), sobre as quais actuam os psicólogos, estão correlacionadas com um maior envolvimento em actos ilegais e baixo rendimento escolar. Por outro lado, variáveis de personalidade têm vindo a ser identificadas como caracterizando os alunos relativamente ao seu percurso escolar. “Baixa auto-estima, tendência para somatizar, estados afectivos negativos, atitudes pouco ambiciosas face à sua carreira, sentimento de que o seu destino é comandado por factores externos (…) menor satisfação pessoal, atraso de maturidade, manifestando mais inadaptação social, sentimentos de alienação, recolhimento sobre si, denegação, autismo (i.e. distorção da realidade para responder às suas necessidades), bem como uma orientação para valores dominantes da classe trabalhadora (i.e. ética do duro, aspiração precoce ao estatuto de adulto) e um menor controlo sobre si próprio” (p.277) são alguns dos traços que tem caracterizado os jovens que abandonam a escola e que apresentaram percursos escolares de insucesso.
Abordamos em seguida um dos factores pessoais que podem explicar o sucesso ou o insucesso escolar – a RESILIÊNCIA.

O termo resiliência, que provém das ciências exactas e que significa a capacidade de um corpo, após ter sofrido uma deformação temporária por influência de uma força exterior, ser capaz de recuperar a forma original, foi adaptado aos estudos do desenvolvimento humano, para definir a capacidade universal de minimizar ou ultrapassar os efeitos prejudiciais da adversidade.

Numerosos estudos longitudinais mostram que, algumas crianças que cresceram em contextos familiares caracterizados por situações graves como a pobreza extrema, criminalidade, alcoolismo, toxicodependência ou doença mental, conseguiram, apesar de tudo, um percurso de vida que se construiu no sentido de uma boa orientação social, ao contrário de outras, que nunca conseguiram ultrapassar as condições traumáticas em que viveram durante longos anos.

Esta enorme variabilidade individual tem sido explicada por um conjunto de características pessoais que lhes permitiram resistir às condições negativas da existência.

Os indivíduos mais resilientes quase sempre revelam uma elevada autonomia e iniciativa, locus de controlo interno e um forte sentido de competência pessoal. Tendem a ser persistentes, motivados, activos e sociáveis, a acreditarem num futuro promissor. A presença de um adulto de referência, que pode ser um familiar ou um professor, um amigo, cuja relação é de aceitação incondicional e que representa um modelo para os jovens, pode contribuir para o desenvolvimento destas características. Os apoios externos, as atitudes, sentimentos, convicções e competências sociais e interpessoais, podem constituir-se como agentes promotores da resiliência.

O desenvolvimento desta capacidade não ocorre no seguimento da exposição à adversidade, será necessário enquadrá-la ao longo de todo o ciclo vital; a resiliência não pode ser equacionada como um traço de personalidade per se, a chave da sua influência pode radicar em factores genéticos, na susceptibilidade ao ambiente externo ou em respostas fisiológicas; os mecanismos mediadores da resiliência podem gerar-se através de estratégias de coping utilizadas pelos sujeitos de forma a ultrapassarem os desafios com que se deparam.

Assim sendo, as operações mentais e cognitivas, assim como os traços de personalidade devem assumir um papel na sua explicação. Da análise de várias investigações, conclui-se que, ainda que alguns estudos tenham encontrado associações entre o conceito de resiliência, QI elevado e género, estas variáveis não parecem ser preditores importantes. O mesmo não acontece com o desenvolvimento de relações interpessoais estáveis, que se mostram significativamente associadas à resiliência.

No estudo longitudinal de Osborne (1990), crianças inglesas do cohort de 1970 foram seguidas até à idade adulta. Procurando estudar a vulnerabilidade, esta foi definida em termos de pobreza extrema e de desenvolvimento de competências (por sua vez, definida por aptidões cognitivas e desempenho escolar), e a resiliência como o oposto desta definição de vulnerabilidade. A investigação revelou que, a presença de uma educação parental positiva, interessada e apoiante é o factor mais importante para que as crianças se tornem resilientes. Pelo contrário, a presença de perturbação de humor nas mães, condição de risco na classe socioeconómica baixa, contribuía fortemente para a vulnerabilidade das crianças.

A motivação para aprender no início da infância tem sido considerada como um bom preditor das competências académicas e sociais futuras, como o indicam pesquisas longitudinais com crianças com menos de 6 meses, em que é avaliado o interesse inerente para a exploração do seu ambiente circundante e para o comportamento de resolução de problemas.

A resiliência escolar, como sub-grupo de influência na construção de percursos de crianças consideradas em risco, que deve ser alvo de atenção dos profissionais e de toda a comunidade educativa, parece estar intimamente relacionada com o rendimento académico e o futuro risco de abandono escolar. Os períodos de transição entre ciclos de ensino e entre comunidades escolares, podem ser proeminentes no desenvolvimento de resiliência no domínio académico.

A resiliência académica é portanto considerado como um factor protector em linha com a auto-estima, dificuldades de aprendizagem, problemas de comunicação, doenças crónicas, temperamento, atrasos desenvolvimentais, factores genéticos, quociente intelectual, sentimentos de empatia, humor, locus de controlo, etc. Estes são alguns dos motivos pelos quais é tão importante que os nossos alunos construam percursos escolares bem sucedidos e que TODA A COMUNIDADE EDUCATIVA ESTEJA IMPLICADA NESTE PROCESSO. Os Serviços de Psicologia pretendem desta forma colmatar algumas das vulnerabilidades contextuais e promover a capacidade descrita como RESILIÊNCIA.


Vânia Lima Bastos (Fevereiro de 2009)